Uma família francisquense está vivendo um momento de muita apreensão com a situação do jovem Kauan de Freitas,de 16 anos de idade.
A família é muito conhecida e querida em Barra de São Francisco. Kauan é neto de Dona Dalva Maria, que é filha de Cornélio Tebas de Freitas, o eterno Criatura – o carroceiro da garotada, que marcou época cidade e faleceu em 2014.
Kauan tem ceratocone em ambos os olhos, enfermidade que afeta a estrutura da córnea, camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular. Em conversa com a reportagem, Dalva disse que seu neto estava na fila para transplante há dois anos, porém, com a pandemia da Covid-19, todas as cirurgias foram canceladas, por tempo indeterminado.
Segundo Dalva, o último médico que consultou o jovem disse que lentes de contato esclerais podem ajudá-lo. “Essa lente pode durar uns dois anos ou um pouco mais“, disse a avó.
O ceratocone faz com que a córnea se projete para a frente, formando uma saliência em forma de cone, o que leva ao comprometimento da visão.
Nas fases iniciais, quando a deformação da córnea não é grave, o uso de óculos é suficiente para recuperar a acuidade visual. No entanto, à medida que o ceratocone evolui, os óculos precisam ser substituídos por lentes de contato, que ajudam a ajustar a superfície anterior da córnea e a corrigir o astigmatismo irregular provocado pela deformidade.
De família humilde, Dalva lamenta não ter condição de comprar a lente para o neto. “A única coisa que tenho para fazer uma rifa é um cordãozinho, não sei se será o bastante”, lamentou ela.
Com a triste situação do neto, Dalva passou a buscar ajuda em vários segmentos da sociedade francisquense, mas até o momento sem sucesso. “Precisamos comprar essas lentes, pois no momento é o que vai ajudá-lo a conseguir esperar mais tempo pelo transplante“, disse emocionada.
Na tentativa de ajudar a família, alguns amigos estão se mobilizando. Quem puder e quiser ajudar também, pode entrar em contato direto com a avó, através do telefone (27) 99714-5608.
Sobre o Ceratocone
Ceratocone é uma doença genética rara, de caráter hereditário e evolução lenta, que se manifesta mais entre 10 e 25 anos, mas pode progredir até a quarta década de vida ou estabilizar-se com o tempo. A enfermidade atinge cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil e pode atingir os dois olhos de maneira assimétrica, ou seja, o distúrbio pode afetar mais um olho que o outro.
Ainda não se conhece a causa exata da doença. Possivelmente, as alterações na superfície da córnea sejam resultado de inúmeros fatores que contribuem para a perda de elementos estruturais dessa membrana e vão desde o decréscimo no aporte de colágeno até o ato de esfregar ou coçar os olhos com frequência. Por isso, o risco de desenvolver ceratocone é maior nos pacientes alérgicos, que sentem muita coceira nos olhos.
Ceratocone pode levar à cegueira?
Como a doença não afeta o nervo óptico, é difícil dizer que o ceratocone pode causar cegueira propriamente dita. Porém, sem tratamento ele pode progredir e deixar a visão extremamente prejudicada, a ponto de dificultar atividades diárias. Entretanto, o ceratocone é administrável e tem muitos tratamentos. Com acompanhamento, é possível retardar muito a progressão da doença e impedir a perda de visão.
Ceratocone causa dor de cabeça?
Sim. Como grande parte das condições que comprometem a visão, a dificuldade para enxergar provocada pelo ceratocone pode levar a um esforço que gera dor de cabeça.
Lentes esclerais
As lentes esclerais cobrem além da córnea, alguns milímetros da esclera (parte branca do olho) e isso faz com que o paciente não perceba o movimento da lente, proporcionando maior conforto, boa adaptação e recuperação visual, inclusive em córneas irregulares, como no ceratocone.
A lente escleral dura em média cerca de dois anos, desde que conservada e feitas todas as recomendações do especialista que a adaptou.